terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quando o ambiente de trabalho adoece:

 

Quantos milhares de pacientes devo ter tratado quando atendia em consultório, que alegavam que os quadros de depressão, insônia, pânico, ansiedades generalizadas e outros eram conseqüência de um ambiente de trabalho “pesado“, tenso, competitivo, ameaçador. Haveria relação entre uma coisa e outra? Sempre fui curioso, neto de Zé Cocão de Abaeté e Dores do Indaiá, sertanejo sábio, observador. Como sou um comportamentalista, cientista do comportamento, passei a avaliar com atenção e pesquisar a influencia do ambiente de trabalho sobe a saúde física e psíquica do funcionário.

Não restou duvidas: há uma relação perversa entre ambiente de trabalho e saúde do trabalhador. Para o bem e para o mal. Sim, pois existem empresas, empregadores e gerencias extremamente humanos, estimulantes, sensíveis, que com pequenos atos, conquistam seus funcionários, geram entusiasmo, fidelizam, são uma minoria. Grande parte perceberam que investir no ser humano é um diferencial que só gera lucros: evita o entra e sai de funcionários, diminui drasticamente as questões dos direitos trabalhistas, diminui as faltas ao trabalho, tão comuns as segundas-feiras, os afastamentos médicos, aposentadorias precoces.

Mas quais as maiores causas dessas “doenças“ do meio-ambiente do trabalho? Autoritarismo, gritos, palavrões, ambiente hostil, agressivo é a maior queixa. Os chefes ou gerentes autoritários geram três comportamentos ruins: a passividade dos medrosos, a reatividade dos que não levam desaforo e o pior, a sabotagem dos que “aprontam em silencio“.

Inveja, ciúme, “puxa-saquismo“ são elementos nocivos, fofocas, assédios, favorecimentos são igualmente indesejáveis. Competitividade excessiva, formação de rivalidades e grupos que se degladiam. Falta de dialogo, desrespeito, abuso de autoridade em quem exerce chefia, são outros fatores letais. Preconceitos raciais sexuais, religiosos, são aspectos que inflamam e pioram o relacionamento interpessoal. Baixa remuneração, atrasos de pagamento, falta de estrutura, são queixas comuns. E por fim, algo que o trabalhador não percebe: o pior trabalho é aquele que mesmo ganhando razoavelmente bem, a pessoa faz sem gostar, não tem talento, nem dom. Isto gera um desgaste diário do tipo “vou trabalhar como se estivesse indo para o matadouro“. Áreas onde há mais morbidade (adoecimento): educadores, profissionais de saúde, bancários, trabalhadores de turno, poder judiciário, executivos, atendimento ao publico, especialmente telemarketing, polciais, agricultores, estão no topo dos mais adoecidos.

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