segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os problemas do caráter

Homens oscilam entre o jeito padre e gângster de ser. Mulheres variam de madres e prostitutas. Afinal, quem somos? Está aí o caso Bruno que não me deixa mentir. A linha que separa o ídolo do marginal é tão frágil quanto a que separa o amor do ódio, o lado santo do diabólico, o jeito passivo do agressivo, e assim será.

Somos fruto de gerações ancestrais e pensando que temos dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós e nessa progressão geométrica, assim sendo inevitavelmente, além das características físicas que o projeto Genoma provou que herdamos - belezas, feiúras, calvícies, alcoolismo, diabetes, entre outras possibilidades de ser saudável, carregar doenças genéticas familiares (evidente que o meio ambiente se soma às tendências hereditárias) - o certo é que herdamos também, características comportamentais, de personalidade, neuroses, fobias, depressão. Hoje, convicto, digo que um dia, nossa "porção energia" (notadamente a mente com suas energias psíquicas do pensar, sentir, agir e a alma com sua energia de fé) serão detectáveis e aí, inevitavelmente, viajaremos pelo tempo e espaço. Serão feitas por todo ser humano em busca de si mesmo, resgatando histórias de ancestrais (regressão a vidas passadas - RVP, ou seriam as outras encarnações - como prega o espiritismo, ou ainda os outros karmas, como defendem os budistas e hindus, ou simplesmente por pesquisas de biologia molecular, ou de psiquiatria transpessoal, ou um fenômeno que explicaria todas as teorias acima com viés cientifico - as memórias ontogenéticas - onto vem do grego "origem" e genética que se refere aos genes) ou explicações para comportamentos estranhos como medo de escuro, de altura, a timidez extrema a promiscuidade sexual, a tendência à marginalidade, corrupção, as vocações para música, medicina, magistratura, visão pacifica ou psicopática, e todas as características comportamentais de relacionamento interpessoal, de generosidade ou maldade da alma e mente humana e se meu tataravô fosse um sádico fazendeiro que maltratava escravos? E se minha trisavó, fosse uma santa que passando por todo tipo de sofrimentos, penúrias e ainda assim fosse pessoa doce, afetiva, com fé e bondade inigualáveis?

Teria eu, na minha alma, tendências para ser alguém maravilhoso, ou um mau caráter, corrupto, sádico? E tendo esse horizonte existencial, que vai da luz mais divina até a mais escura das trevas, teria o arbítrio só meu, de usar minha inteligência, sensibilidade, habilidades tanto para agir e assim construir um novo mundo, novo tempo para meus filhos, netos, tataranetos (mesmo que eu não usufrua deste novo tempo) ou reagiria e assim destruiria minha existência, com atitudes de ganância, desonestidade, corrupção, promiscuidade, uso de bebidas e drogas?
De uma coisa, vocês leitores e amigos podem ter certeza, após 30 anos lidando com milhares de pacientes, conhecendo pessoas, lugares, países e religiões: esse nosso plano material não é lugar para amadores. Aqui, céu, inferno e purgatório convivem lado a lado. Almas penadas, gente vendendo a alma para o diabo e pessoas absolutamente generosas, carismáticas e cidadãs ajudando e se doando para os mais necessitados, carentes, doentes e infelizes. Se o espírito é o CNPJ divino, nossa alma pessoal é o CPF.

Portanto, escreva sua história, seja artesão do seu mundo, tome seu arbítrio em busca da luz (muitos os chamados, poucos os escolhidos) ou mergulhe nas trevas onde o sexo, o dinheiro fácil, o poder ilusório, o apego a bens materiais e às pessoas, a bebida e droga, vão rapidamente conduzindo: ídolos, políticos, falsos líderes, e profetas em direção à ampla porta e largo caminho que conduz à perdição. É isso o tal do livre-arbítrio. Caminhe.
Coluna Dr.Eduardo Aquino para o Jornal Super Notícias (Belo Horizonte – MG) publicada no dia 11/07/2010.

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