Ou: Como não fazer nada significativo o dia inteiro e constatar apalermado que já está na hora do “Jô Onze e Meia”.
Não existe expressão mais comum hoje em dia do que escutar de amigos, colegas de trabalho e escola, pais, filhos, esposo ou esposa, enfim de “outro”:
-“Ah, hoje não dá, que estou sem tempo! Aliás me desculpe, já estou é atrasado!”
Quanta correria, todo mundo apressado, esbaforido, atrasado pra tudo! Fica parecendo uma maratona essa vida: corta-se a fita, e sai todo mundo correndo.
Aí chega a repórter da Globo, que, óbvio, está num daqueles carros prateados de outro planeta e, lá da carroceria, começa a entrevistar os “maratonistas da vida”:
- Meu senhor, para onde está indo?
- Não sei, minha filha, acho que estou seguindo essa multidão ou esse seu carro lindo.
- Mas, aonde quer chegar, senhor?
- Não faço a mínima idéia, apenas sigo esse bando aí.
- Então, que lugar o senhor ocupa nessa corrida da vida?
- Sei lá! À frente de uma porção de gente e atrás dessa multidão.
- Então por que o senhor está participando dessa maratona?
- Minha filha, ta todo mundo correndo pra tudo quanto é lado, e eu sei lá o que é isso? È pra correr, to correndo. Só espero que tenha brinde no final!
- Uma última pergunta: está cansado?
- Puf, puf, puf, Ô filha vá tomar ...
É , tudo na cidade grande é muito sem sentido. Comece então a fazer as contas:
• Quanto tempo você passa entalado no trânsito?
• Quanto tempo fica diante da TV, do micro, do vídeo-game?
• Quantos jornais lê todo dia? E isso leva quanto tempo?
• Quanto tempo fica tomando sua cervejinha com os amigos (as), conversando e lamentando as mesmas frustrações do ano passado, retrasado ...?
• Quantas horas dorme no fim de semana para se recuperar das noitadas e ressacas de tantas frustrações?
Não há dúvida: o tempo passa, o tempo voa e ninguém continua numa boa! Tem mais é que padecer da “síndrome de falta de tempo”.
O quê? Ah sim, quando você aposentar, não é? É, sem dúvida terá mais tempo; mas depois leia o capítulo “Síndrome do Aposentado”.
“A coisa não é bem assim não”, como diria vovô Aquino, um sábio que tinha tempo de observar as coisas e emitir pareceres fantásticos.
“Desde que existe o mundo, a Terra gasta as mesmas 24 horas para dar uma volta em torno de si mesma. A natureza não tem relógio, tem ritmo, tem ciclos – verão, outono, inverno, primavera, dias e noites, época de plantar, época de colher, tempo de nascer, tempo de morrer, de cio, de procriar, ser semente, ser planta, ser flor, ser fruto, de novo semente ... Tudo na natureza tem seu tempo. Só o ser humano criou um tempo psicológico, esquisito, rápido, acelerado, com mil coisas a fazer: acaba artificializando o tempo e assim perde o ritmo da natureza, com a sensação de correr o tempo todo e não fazer nada de útil”.
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