quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CAPITULO V:A SÍNDROME DO “Estou fu ... e mal pago Ou: A crise do emprego nas grandes cidades.

Livro Eduardo Aquino: PEQUENO MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA DAS GRANDES e também médias e pequenas CIDADES (4ª edição – Belo Horizonte/2000).


“ah que saudade que tenho do aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais” (Casimiro de Abreu).

É ... o que você queria ser quando crescer? Antes era fácil: agricultor, comerciante, funcionário público, médico, advogado, engenheiro, professor ou dentista. Hoje são 108 profissões! Haja vestibular, essa indústria dos cursinhos, o bombardeio do “mercado de trabalho”, testes vocacionais, seguir carreira dos pais. Ô inferno! Por que será que ninguém me pergunta meu dom e talento, e todo mundo só se interessa em saber quanto ganho e em dizer: - É um privilegiado! Tem trabalho, dê graças a Deus!

Ei, você ai, quando era pequeno, sonhava em trabalhar no Banco do Brasil, na Caixa, na Prefeitura, no Estado? Quanto te custa trabalhar ai: frustração, nervosia, insatisfação, programas de qualidade total e chefes autoritários ou que caíram de pára-quedas políticos? E você? PHD, qualificado, naquela mesa de canto, esquecido, esperando aposentar?

Posso ser franco? É o fim da picada: o mundo termina aqui! Fim dos tempos: é infeliz no emprego e ao mesmo tempo morre de medo de ficar desempregado! Odeia ter que ir pro trabalho e odeia voltar para casa e encontrar a mulher ralhando com os “capetinhas”. Mundo cão., “Matou o chefe, a mulher, e foi ao cinema assistir ao filme Robocop” (conforme deve ter visto, isso apareceu no capítulo anterior no Jornal Nacional).
Engenheiro que viram padeiros, médicos que vendem produtos Amway e advogados de porta em porta: “Avon Chama”.
-Filhinho, estuda passa no vestibular: Só assim será alguém na vida!
Notícia ruim: o emprego formal vai acabar, assim como a aposentadoria.
Notícia boa: só no último capítulo (não beba tanto, senão o stress e a angústia te consomem antes do fim do livro).
- Querida, apronta, coloca aquele vestido preto na nossa lua-de-mel (mas não se esqueça da cinta para segurar a barriga), lembra daquele restaurante chiquérrimo aonde nunca fomos? Pois prepare-se: é hoje!
- Mas meu bem, são só 19 horas, e você nunca sai da empresa antes das 22.
_ Hoje é o dia mais feliz da minha vida amor:
Meu Deus! Ganhou na loto?
- Não.
- Foi promovido a gerente-geral?
- Não!
- Já sei: seu professor de pós-graduação de Harvard quer te levar para Boston?
- Amor, nada disso. É muito melhor.
- Nossa, Aguinaldo, há mais de 15 anos não me chamava assim tão carinhosamente. Gui, você não ta de amante nova, não é?
- Poxa, Bel, que difícil de fazer surpresa, relaxa e ...
Mais tarde, em Gotham City (o melhor motel da cidade)....
- Nossa, Gui, foi a melhor noite da minha vida, esse anel, o restaurante, e olha bem, foram 3 vezes (fora a ejaculação precoce que não conta). Agora fala.
-Bel, meu bem, minha ternurinha, fui despedido! Aleluia, estou desempregado. Fim daquele chefe, dos vidros fumês, do ar condicionado central, dos pregões na bolsa, das reengenharias, das organizações e métodos, do trânsito infernal, do desconto do imposto na fonte, das viagens e chás de aeroporto. Livre!
- Gui, estou pas-san-do mal, nauseada, acho que vou desmaiar.
- Bel, vai ver é o salmão de 230 reais. Calma, meu bem, como vomitar algo tão caro? Eu ainda não te contei a melhor parte: comprei um trailer com a indenização, uma casa de pescador em Porto Seguro e vamos, enfim, ter nosso próprio negócio – venda de sanduíche natural e água de coco. E viva o mar, o ar, o sol ...
- Alô! É da gerência do Gotham City? Será que podia mandar o Batman, aliás, desculpe, gostaria que enviasse o serviço médico aqui para a suíte presidencial.
- Não, nada de crime passional! Quê isso, meu chefe! A hipótese diagnóstica é intoxicação por salmão estragado ou “perda rápida de status” com abaixamento da pressão arterial ou desmaio histérico de ex-mulher.
Por falar nisso, que tal uma economia informalzinha? Ta servido?
Reflita: ama o que faz?Trabalha feliz (não vale workholic – viciado em trabalho)? Acorda a cada dia e agradece a Deus e diz: “Que delícia mais um dia de trabalho”? Se a resposta é não, N-A-O- TIL, cuidado! Você anda sobrevivendo e não vivendo.
Sem dúvida, neste século, vimos uma explosão de especialistas, tecnicistas, tudo muito específico: “técnico em condução de veiculo, automotor com deslocamento vertical”. Quanta complicação para dizer “ascensorista”.
E as relações de trabalho explodiram: mulheres que até o início do século só tinham 3 tipos de emprego (casar, ser solteirona e cuidar dos pais, ou ser a “outra”) vieram para a luta e já são mais numerosas, muitas vezes melhores e mais eficientes que os homens e, com isso, criaram-se novos fatos: mulheres cabeça-de-família, executivas que não encontram parceiros à altura e hibridas donas-de-casas-mães e trabalhadoras insatisfeitas com ambas as coisas.

Alguém já pensou que, muito antes da modernidade, erguiam-se cidades, plantava-se, tratavam-se pessoas, comercializava-se, pintava-se, faziam-se músicas, criavam-se leis, educavam-se filhos (bem ou mal, igualzinho hoje). Mas não havia carteira assinada, faculdade, etc..) Talvez, naqueles tempos, houvesse mais liberdade para se “buscar um lugar no mundo” baseado em habilidades e talentos. Grandes filósofos, matemáticos, botânicos e até políticos! Tudo mais natural, sem marketing, sem uso de tanta corrupção (pois isso é antológico). Tudo bem, não havia tantas garantias (aposentar, FGTS, SUS, etc.). Mas e hoje? Você se sente garantido? Cheio de sindicatos, constituições, poder legislativo, judiciário, executivo, e você acredita neles? Chefe, empresa idônea estatal, reengenharia, está tranqüilo? Ninguém garante ninguém: nem avalista, nem banco, nem juiz, nem deputado, nem presidente. “Ô governo lhe deve tanto? Tem neto? Talvez seus netos recebam. Enquanto isso, que tal ir à luta?
Talvez estejamos voltando à época do “escambo” ou das trocas. Legal, prestadores de serviços mútuos. “Troca um quadro por uma consulta. Troca seu talento de marceneiro – fazendo mobília em casa – por 20 sacos de arroz. Troca seu apartamento na praia, no mês de janeiro, por um tratamento dentário completo”.
Valor – quanta ilusão! Segurança e garantia – quanta balela! Sabia que sal já foi moeda, ouro foi garantia? O tempo e as coisas mudam, menos nossa índole, nosso dom, nossa capacidade de sonhar, de ter fé, de seguir superando problemas e desafios.
Faz poupança, preocupa-se com o futuro (lembra-se do Collor?). Que tal usufruir a vida e sempre se dispor a seguir mais e mais na vibração do momento?


P.S.: Faça contato pelo blog www.eduardoandradeaquino.blogspot.com e também no Twitter: www.twitter.com/eduardoaaquino.Aos que quiserem ser .... parceiros, peço que leiam meu livro: Bem Vindo a Vida, lançado pela Editora Sextante, sublinhando conceitos que julgarem relevantes. Este é o livro básico que em forma de romance, apresento minha visão do mundo.Pode se encontrado nas melhores livrarias, e também ser obtido via internet (submarino.com, americanas.com, leitura.com, etc..).

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