quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DORMIR MAL: Um caos em casa, no trabalho e na vida social.


Você já viu macaco com insônia, cachorro tomando calmante para dormir? Pois é, o único ser na natureza que tem sérios problemas de sono, somos nós: 7 em cada 10 pessoas queixam-se de sono ruim, acordam cansados pela manhã e dizem que não dormiram bem. Antigamente, antes de tanta tecnologia, na época da roça era tão simples: Durante o dia, trabalhava, convivia, estudava, a noite dormia. Luz / escuridão, sono / vigília, dia / noite. Isso era o natural, pronto!

Entendendo o sono:

Passamos em média 30% do tempo dormindo e é exatamente nesse período que o cérebro e o corpo procuram renovar o seu funcionamento quando os nossos órgãos trabalhando mais lentamente, procuram reorganizar os hormônios, pressão sangüínea, arquivar memórias, renovar as energias, pois ao acordar temos que “lutar” para sobreviver a um novo dia.

Fases do sono:

Temos estados de sono chamados de “leve” ou fases 1 e 2, que é aquele em que ainda continuamos ligados aos estímulos externos. Por ser um sono que ainda é superficial, a pessoa continua a escutar o latido do cachorro, a briga do vizinho, mas está dormindo. Quer um exemplo? As pessoas de mais idade dormem,, mas não aprofundam o sono por isso sempre reclamam:“ Nossa, não dormi nada essa noite” e os parentes brigam “Que isso papai, o senhor até roncou!”. É porque o sono leve não nos dá a sensação de descanso pleno.
Já nos estados “profundos” – fase 3 e 4, desligamos totalmente do meio-ambiente, “apagamos” totalmente e quando alguém diz “Nossa, que barulho infernal a festa no vizinho de frente”. E o feliz dorminhoco fala: “Festa, que festa?”. Quer um exemplo? As crianças de 2, 3 anos tendem ter muito esse sono profundo, por isso a gente pega o filho no colo, coloca no carro, passa para a cama e eles nem acordam.
Por último o sono REM – ou movimento rápido dos olhos – ou “sono de sonhar”, que a gente percebe ao olhar nos olhos de uma criança e perceber as órbitas dos olhos mexerem com rapidez de um lado para o outro.
O sonho é o guardião do sono e fundamental para o ser humano não “pirar”. Isso mesmo: se a pessoa ficar 3-4 dias sem sonhar, pode ter uma “psicose” por falta da fase REM. Ta vendo? Dormir bem é essencial para o bem-estar físico e psicológico.

Principais alterações e doenças ligadas ao sono:

A mais comum das queixas quanto ao sono é a INSÔNIA INICIAL: pessoas que demoram muito para dormir. É típico dos ansiosos, preocupados, que não conseguem se desligar dos problemas sofrem por antecipação, ficam rolando na cama e acordam cansados, angustiados e com mau-humor. Outro tipo é a INSÔNIA TERMINAL: a pessoa desperta precocemente, no meio da noite, 2-3 horas da manhã, só com idéia de ruína, negativista. ATENÇÃO: essa insônia é característica de pessoas com depressão e alteração grave de humor e merece ser avaliada, bem como a INSÔNIA UNIVERSAL: Que é ficar a noite inteira sem dormir. Se for só uma noite, e motivada por algum fato na vida dessa pessoa, tudo bem. Mas se continuar dois dias ou mais, imediatamente procure um médico.
Outras queixas: sono leve, acordar várias vezes á noite, doença do ronco ou apnéia (ronco alto com uma parada na respiração e um barulho estranho depois. A apnéia é um caso grave que pode ser até fatal, mas só roncar, sem essa paradinha não tem jeito: quem é gordo, quanto mais tomar “umas e outras” ou usar remédios para dormir, maior a roncação!
Por ultimo, existe um quadro chamado “Síndrome das pernas inquietas”, que é um incomodo, uma aflição intensa nas pernas no período da noite, que também deve ser avaliado por médico.

“Baladas e noitadas”:

Nós médicos sempre alertamos sobre a “balada”, ou seja, trocar a noite pelo dia. Se os adolescentes de todas as idades forem sair às 23 horas e voltarem da noitada ás 6-7 horas de sexta para sábado, e dormirem até 13-14 horas, isso para o cérebro equivale a uma viagem daqui para o Japão, ou seja, quebrou um fuso horário, inverteu o dia e a noite. Com isso, o cérebro fica estressado, sem entender, e para recuperar uma noite mal dormida, demora 7 dias, ou uma lua como diriam os sábios, pra voltar a funcionar bem. Isso mesmo 7 dias “sonado”, irritado, com memória ruim, mau-humor. _“Mas doutor, meu filho sai na sexta e no sábado, faz 2 baladas, e o que acontece?” Infelizmente quebrar 2 fusos-horários seguidos equivale a ir para o Japão num dia e voltar para o Brasil no dia seguinte: o cérebro não consegue repor 2 noites, e essa sobrecarga vai significar: moleza, indisposição, agressividade, sono durante o dia, insônia a noite, perda de memória grave, cansaço, dor no corpo, depressão e por aí vai. Uma tragédia para o cérebro, o psiquismo e uma bomba relógio que explodirá em meses ou anos, prejudicando estudo, trabalho, relação familiar. E atenção, não é só balada, ficar até tarde na TV, computador, ou mãe preocupada esperando o filho chegar, dá no mesmo.

Inimigos do sono:

Atividade física intensa no período da noite, cafeína em excesso (café, chocolate, refrigerantes, chá mate ou preto), energizantes (tipo red-bull), bebidas alcoólicas, sedativos, hipnóticos, comida pesada á noite, excesso de TV, internet, banho frio á noite, trabalhar em casa, excesso de barulho, ar condicionado, excesso de calor ou frio, entre outros.

Amigos do sono:

Exercício físico aeróbico pela manhã, ambiente tranqüilo, leitura, atividades prazerosas a noite (bordar, escutar musica suave, passeio ao ar livre, cinema por exemplo), banho quente a noite, estabelecer rotinas familiares como, desligar a TV e ir sempre no mesmo horário para a cama, sexo antes de dormir, chás naturais como camomila, folha de maracujá, suco de maracujá, técnicas de relaxamento tipo yoga entre outros.


Pergunta da semana:

_“ Eu só durmo se tomar bebida alcoólica, mas acordo mal, cansado, arrebentado. Por quê?”
R: Infelizmente a bebida tem efeito sedativo, ou seja, à medida que acumula no sangue e age no cérebro ela desliga a “chave geral”. Só que a bebida não produz o sono bom, que é ter aquelas fases que falamos; 1,2,3,4 e sono de sonhar, e pior, a bebida é química que deprime o cérebro, daí acordar amarrotado, ressaquiado, e o erro do “rebater”, ou seja, quanto mais bebe, mais deprime o cérebro.

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