quarta-feira, 24 de março de 2010

3. Terceira idade: uma nova visão, baseada no avanço neurocientífico e novas base humanísticas.


Desde seus primórdios, a humanidade tem no envelhecer e no morrer as suas mais angustiantes expectativas.
A velhice e a proximidade do fim existencial têm povoado de preconceitos, mitos e problemas, as culturas, religiões, sociedade, família e política, e só recentemente isso tem sido revertido, através de uma visão mais humanística e científica.
Quando pensamos na 3ª idade, três questões surgem:
A primeira questão: o que é ser velho? Um adolescente que se perde no desvario das drogas e violência, ou um idoso que aos 90 anos dá a público uma obra-prima da literatura, das artes plásticas ou da música? Velho é algo que não tem valor, que é descartável, que não é produtivo. Já o idoso é aquele que enfrentou bonanças e tempestades, sobreviveu ás intempéries e quer nos dar como herança sua experiência e sabedoria.
Assim sendo, em determinadas sociedades, principalmente as mais antigas e sapientes, os idosos têm papel crucial junto á família e á sociedade: são conselheiros e sábios. Em contrapartida, em nosso mundo ocidental, veloz, tecnológico, cibernético e baseado na produção, os idosos passaram a ser considerados dispensáveis, e mais, desvalorizados como imensa massa de aposentados, a gastar verbas previdenciárias e médicas. Foram condenados a ser “aposentados” não só no trabalho, mas da vida, em seu calvário de uma existência ociosa, solitária e vazia.

Segunda questão: a vida é qualidade ou quantidade? Segundo a Sociedade Britânica de Geriatria, o importante não é acrescentar anos á vida de uma pessoa. O que se observa é que, graças aos avanços da ciência, vivemos cada vez mais: na Europa Nórdica, a expectativa de vida já ultrapassa os 85 anos. Mas, paradoxalmente, é crescente o número de auto-extermínio na 3ª idade. Eis o contra-senso: o tempo de vida não é o mais importante, necessário é resgatar a dignidade, a qualidade de vida e o respeito a nosso futuro, pois inevitavelmente haveremos de adquirir idade e um dia nos confrontaremos com a morte.
A última questão: por que as demências (ou “esclerose”) têm sido tão comuns entre os idosos? As neurociências avançaram no sentido de pesquisar o cérebro e o que chama a atenção é a alta incidência das demências, principalmente o “mal de Alzheimer” ou demência senil precoce. Isto se dá por diversos fatores, mas é importante destacar que a qualidade de vida das duas primeiras idades é fundamental para se entender a 3ª idade. Numa sociedade cada vez mais veloz, estressante, violenta e seletiva que vem desgastando o cérebro, afora a poluição, o mundo artificial, etc., a depressão e o nível tensional têm atingido níveis insuportáveis. Chegamos ao fim do século numa das maiores crises da humanidade: Crise urbana, política, social, econômica, religiosa, mas principalmente crise de indivíduo, que tem uma vida confortável, moderna, tecnológica, mas infeliz! E o cérebro é movido a prazer!
Soluções: A busca do prazer, o resgate do humanismo e a troca do vício de um mundo individualista, com excesso de informação e de máquinas, por um mundo em que as pessoas voltem a se relacionar. É preciso valorizar a sabedoria, tão típica do idoso, como instrumento de entender o universo que nos cerca. O idoso reassume, com o fim da aposentadoria do viver, seu papel de sábio e conselheiro. Precisamos de fórmulas mágicas ou do elixir da juventude para prolongar a vida? Nada disso: apenas resgatar o que a natureza sempre nos ofertou.
Agradeça sempre a Deus por fazer da vida uma dádiva e uma busca de nós mesmos!

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