domingo, 21 de março de 2010

CAPÍTULO VIII : SÍNDROME DO QUE “O QUE DEUS UNIU O HOMEM SEMPRE SEPARA”

Ou: A epidemia do casa - separa, casa – separa...


Nada mais antigo do que o acasalamento. Ou nada mais natural, biológico cultural, espiritual... sei lá! É próton com elétron, espermatozóide com óvulo, macho com fêmea (e suas diversas variáveis), etc.. O Certo é que “pólos contrários se atraem”.
_ Ô Jofre, e o seu armário? Tudo misturado: camisa social com blazer, cueca com meia, tênis com sapato. Assim não é possível!
- Matilde, sua regra adiantou?
- Jofre, isso é jeito de falar?
É que sua TPM (tensão pré-menstrual) – Ô marido desinformado) atacou mais cedo esse mês.
- Jofre, já não agüento sua bagunça, seus atrasos, sua cueca no bidê. Chega!
-Calma, meu anjo (força de expressão), se acalma. Lembra do que seu analista recomendou. Vai fazer a sua terapia do azulejo. Duas horas lavando o azulejo e você se acalma. Te prometo: com o 13º e o FGTS compro um apartamento maior. Só pra você aumentar o tempo gasto com sua “mania de limpeza”.
- Jofre! Tira o pé da mesinha, e o dedo do nariz. Não vá colocar meleca debaixo da cadeira, você me conhece!
- Calma, Matilde, já tomou seu Lexotan, meu bem?
- Vou pra mamãe. Chega de viver nesse pardieiro, com um porco chauvinista!
Que é chauvinista?
- Não sei, mas escutei no programa da Sílvia Popovic e o homem ficou uma fera.
- Vai ver, era gay!
- Não me enrola, Jofre, se você não comprar outro apartamento, eu vou pra mamãe...
- Já vai tarde! É bom porque lá vocês se divertem juntas. Por falar nisso: ela ainda esteriliza os pratos, usa aqueles chinelinhos para não sujar o tapete, lava as mãos 34 vezes?
Jofre!
- Matilde, sabe de uma coisa? Vá se sujar!
- Tudo, menos isso, é o fim!

Uma estatística impressionante mostra que o número de separações em certos países europeus chega a ser 3 a 5 vezes maior que o número de casamentos. É incrível: o tempo médio de permanência do convívio entre os casais varia de 4 a 7 anos; é a famosa “crise dos sete anos”, cada vez mais difícil de se ultrapassar atualmente.
Você sabia que, antes de haver união civil ou religiosa, os acasalamentos entre humanos duravam esse período de 4 a 7 anos, que equivale ao tempo necessário para que a “cria” (filho) tivesse condições mínimas de sobrevivência? Ou ainda: a necessidade de nova conquista era fundamental para que o macho espalhasse seus genes por um maior número de fêmeas, e assim assegurasse a garantia da espécie, e também porque após os primeiros anos havia menor interesse sexual? Ou ainda, os últimos estudos neurocientíficos provam que, no início da relação, existem modificações na química cerebral, e com a “paixão” temos aumento de dopamina e fenilalanina , o que nos mantém extasiados, exaltados, “dopados” em relação a esse “objeto de paixão”, e então sentimos todos os sintomas típicos de drogados (abstinência, perda do juízo critico, necessidade cada vez maior, etc.)? Calma, apaixonados do Brasil! Como tudo, a paixão acaba e ai, além da ressaca (física, moral e financeira), quando isso acontece, existem dois caminhos mais comuns:
1 – aversão
2 – indiferença e um caminho mais raro – e bem mais morno - , mas muito gratificante e eterno: “o amor”!
Tempo de paixão? Pode durar dias, meses, mas no máximo 7 anos! Como diria minha avó: “Cuidado com a crise dos sete anos”!
Mas existem outras teorias: a urbanização criou uma sociedade de consumo, que banalizou as relações humanas; hoje somos rápidos, competitivos, imediatistas, fanáticos por novidades, estereótipos, mudanças (de casal, de parceiro, de endereço...). Nós consumimos rápido e assim enjoamos rápido, tudo rápido (até para ejacular é nessa rapidez).
Que linda, a sua mulher!
- Ex ...
- O quê? Já separou? Mas ela está de papo há horas com seu irmão.
- Ajuntaram.
- O quê? E você?
- Estou morando com minha cunhada.
- Nossa, que confusão! E como ficaram as coisas?
- Ficou tudo como antes, à exceção que me tornei pai dos sobrinhos, e tio dos meus filhos ....
- Ah bom! Perguntar não ofende ...
Como somos ingênuos, desinformados quanto ao casamento. Na vida aprende-se de tudo: matemática, português, medicina, ser funcionário publico, comportar-se socialmente, escolher religião, mas como escolher uma mulher, e a mulher escolher um parceiro, é duro! Tudo na base da intuição e instinto de sobrevivência.
O que te leva a casar? Ciúme, insegurança, interesse financeiro, sexual, vontade de constituir família? Sei lá o que te provocou essa “vontade para casar”! Mas não se esqueçam pombinhos e “dopadinhos” de paixão: no casamento cada um entra com quatro malas.

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