quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MÉDICOS QUE CURAM UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO, AJUDE A PRESERVÁ-LOS!


Atenção, esta coluna hoje não visa criticar ou denegrir ninguém, mas sim refletir e ao mesmo tempo homenagear os grandes mestres, os sábios da medicina, aqueles que nasceram com o dom e a vocação para exercer com humanidade e arte uma das mais árduas profissões.
Como já me aposentei do atendimento como médico, e depois de 31 anos de experiência no meio medico, mais de 25 anos de exercício diário, resolvi alertar as novas gerações que estão fazendo o curso, os recém formados, os que desejam fazer vestibular para medicina. Vamos para alguns fatos:
1. Pesquisas da USP (Universidade de São Paulo) com médicos paulistas, com mais de 10 anos de formados mostram: 59% arrependeram de terem feito medicina, 64% se dizem estressados, deprimidos ou com queixas psíquicas que os levam a usar medicamentos em alguma fase da vida, 82% tem mais de 3 empregos, 45% abandonariam a carreira se pudessem.
2. No final de 2007, o CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), fez um exame de qualificação semelhante a OAB com advogados, resultado: 58% dos novos médicos do estado mais rico do Brasil saem da faculdade sem condições de dar diagnóstico mais simples e comuns.
3. 83% de exames pedidos são normais, 65% de cirurgias desnecessárias, diz um estudo de uma das maiores universidades americanas – Hervarol.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
A equação não é tão difícil assim. Soma-se a explosão do número de faculdades de medicina que são abertas a todo ano sem condições mínimas e jovens que têm cada vez uma formação social, familiar, humanística, mais precária, é uma geração de “baladas”, sexo, bebidas, raves e funk, imaturos, viciados em computador. Adicione uma medicina que se tornou dependente de exames, máquinas modernas, em detrimento de um médico que saiba conversar, fazer um histórico, interessar-se pelo paciente, fazer um belo exame clínico e saiba fazer um raciocínio diagnostico. Subtraia os grandes mestres, os grandes sábios, aqueles que trabalharam décadas em ambulatórios, consultórios, hospitais, mas não são PHds, nem mestrados, como se exige hoje para se tornar professor universitário, mas que trariam uma experiência, uma vivencia essencial para os jovens estudantes de medicina.
Por fim, baixos salários, falta de condições mínimas de trabalho em postos de saúde, hospitais públicos, planos de saúde que intermediaram e exploram os usuários, sub-remunera os médicos e lucram com a medicina, mas deixa os usuários e médicos conveniados insatisfeitos “SUS de classe media”. Pronto o caos está aí nos “Jornais Nacionais”!

MEUS GRANDES MESTRES:
Que saudade de 1978-79 na UFMG quando grandes mestres diziam: “Em medicina o que é comum é comuníssimo, o que e raro é raríssimo, nunca tentem buscar o raríssimo no comuníssimo, pois farão excesso de exames, apavorarão seus pacientes, complicarão um diagnóstico simples!” Ou outro mestre: “O excesso de pedidos de exames mostra insegurança do médico, medo de errar, falta de um bom exame clinico, e ausência de boa relação médico paciente!” “Bons médicos sabem que a pesquisa clinica, ou seja, um bom questionário feito com o paciente é essencial, pedido de exames só se forem necessários, pois são sempre complementares!” Um clínico já falecido também dizia (e olha que era nos anos 70): “Os grandes médicos que sempre serão uma minoria, sempre serão uma minoria, terão grande parte do seu tempo gasto para corrigir erros básicos dos maus médicos que sempre serão maioria!”.
Conclusão minha: Não se fazem mais médicos como antigamente!

FALÊNCIA DO SETOR DE SAÚDE:
É conseqüência de tudo isso. Quando alguém faz uma queixa normal do tipo dor de cabeça, e pede-se tomografia, ressonância, mil exames, é o fim do mundo! Ambulâncias saem de pequenas cidades para trazer pacientes que deveriam ter seus problemas resolvidos num primeiro atendimento na própria cidade, entopem as Santa Casas, os hospitais, pronto socorros. E quem precisa, um caso realmente grave, morre na fila!
Atenção pacientes e médicos: estudos europeus e americanos mostram 7 a 8 em cada 10 casos, as queixas e sintomas do cliente são de origem psicogênica, ou seja, tem como causa a falência de uma área do cérebro chamada hipotálamo, sistema límbico, por causa de um alto grau de estresse, de angústia, de pressão ambiental, preocupações, medos, pânicos, que alteram um sistema chamado Sistema Nervoso Autônomo (SNA) que dispara como resultado de uma pensação constante, mente atribulada que ativa o cérebro, que por sua vez passa a trabalhar acima de sua capacidade – HIPERFUNÇAO CEREBRAL E SOBRA PARA O CORPO COM SINTOMAS INESPECÍFICOS – tonteira, vertigem, coração disparado, dor no peito, abafamento, falta de ar, pressão arterial que sobe e desce, suor, mal estar, ma digestão, colite nervosa, dor no corpo, desanimo, sono ruim, alergias, tremores, nervosismo, irritação, “viroses”, zumbido no ouvido e diversos outros sintomas. E os exames? NORMAIS!!
DICA:
1. Pelo amor de Deus, colégios orientem alunos do ensino médio na escolha da profissão, aprendendo a valorizar dons, vocações e não mercado de trabalho, ou “status”. Pais devem contribuir, por exemplo: nenhum dos meus filhos até agora mostraram vocação para medicina.
2. Faculdades de medicina e MEC: Ao invés de abrir cursos sem mínimas condições, jogando no mercado não médicos, mas técnicos em medicina, revejam suas normas, abram espaço para grandes clínicos ou especialistas, com experiência de campo, sem preocupar com mestrados, doutorados ou publicação de trabalhos (quem sabe, 50% de doutores e 50% de sábios?).
3. Prefeitos, secretários de saúde, Ministério de Saúde: Preparem a equipe de saúde no sentido de se capacitarem, para conseguirem diagnosticar o “COMUNISSIMO”, e assim solucionar 7-8 casos em atendimento primário.

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