segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

CAPÍTULO II



LIVRO EDUARDO AQUINO: XARÁ, O DOIDÃO: que começou na maconha e terminou no pó.


Fizeram uma reunião no bairro e convidaram todo o pessoal. Seria uma festa de arrasar. E lá foi o Xará com sua turma. Todos tinham um pouco de medo deles e, ao mesmo tempo, bastante atração! É engraçado como os adolescentes, em geral, adoram aqueles que lideram para o mal, para a rebeldia e para a bagunça. E no grupo havia também as pessoas mais ricas e bonitas, como o próprio Xará. Começaram a beber cedo.
- Ai, gente, vamos tomar umas antes de entrar?
- Vamos lá, cara! Vamos lá, galera!
Lá foram eles ... Sempre chegavam aprontando, e logo recendia o cheiro típico de maconha. E começavam as provocações.
- Eh, galera! Prepara, que a turma da fumaça chegouuuu!
Muita gente ficava chateada com eles. E nessa noite, maus presságios! O clima estava pesado, uma energia esquisita rondava o ambiente.
Na festa estava uma menina maravilhosa. Claudinha. Um encanto de pessoa! Boa estudante, bailarina, supersimpática e educada. Dificilmente ia a essas festas, porque muitos rapazes forçavam a barra e sempre acabava saindo briga. Mas as amigas insistiram tanto que ela acabou cedendo.
O ambiente, àquela altura, estava bom, quando de repente ouve-se um berro:
- Ai.... meninas .... segura que eu estou chegando.
E o Xará quis “dar de cima” da Claudinha. Logo ele, de quem ela conhecia a fama. Mas tentou ser elegante.

- Xará, por favor, estou com uns amigos meus e você não está bem, fica na sua, OK?
- Que cortada, Claudinha! Qual é?
- Você está muito esquisito, Xará! E, além do mais, não quero ficar com ninguém.
- Qual é, menina? Até hoje foi só você que não me deu bola. Frescura para cima de mim não, ta?
- Xará, por favor! Não quero confusa nem baixaria, compreende?
Na mesma hora saiu. Tentou ir para outra sala, mas Xará a puxou pelo braço.
- Espera lá, ninguém me larga assim não! Mais consideração, menina!
Nessa hora chegaram os amigos da moça.
- Ô Xará, não baixa o nível!
- Qual é, gente? Bando de leão-de-chácara?!!!
Ricardo, professor de Educação Física e dono da academia de ginástica do bairro, empurrou o Jofre, tentando afastar também os outros rapazes e defender a menina.
- Qual é, cara? Para de atrapalhar a festa dos outros! Não tá vendo que ela não está gostando do papo?
- E aí? Vai partir pra cima? Quer dar uma de “mocinho”?!
De repente, estourou a briga. Quando Jofre atacou, Ricardo lhe deu um soco que atingiu o nariz e o supercílio. O sangue espalhou-se pelo rosto e pelas roupas do Jofre.
A confusão se instalou e, sem que as pessoas percebessem, Xará puxou do bolso um soco-inglês, uma arma típica de gangues.
- Ai, Cara, ta querendo sangue, não é mesmo?
- Cuidado, Ricardo! Ele está com um soco-inglês na mão.
Foi quando a turma-do-deixa-disso entrou em cena. Com muito custo, conseguiram separá-los. Mas o Jofre prometeu ao Ricardo:
- Tudo bem, cara! Tá vendo esse sangue aqui? Vai ter revanche, ouviu? Não vai ficar assim não. Você não perde por esperar.
Ricardo tentou ficar calmo.
- Olhe, rapaz, eu não gosto de briga, mas você viu o que fez com a Claudinha?
- Não adianta desculpa. Tá marcado, hein, cara! Tá marcado!
Foi uma grande confusão. Os vizinhos ameaçaram chamar a polícia. Quando os adultos chegaram, em minutos a música parou e todos foram saindo. Mais uma vez o Jofre acabou com a festa de todo mundo.

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