terça-feira, 15 de dezembro de 2009

LIVRO EDUARDO AQUINO: XARÁ O DOIDÃO

Poderiam ser onde fossem a aula, você não faria o menor esforço para ser um bom aluno e uma pessoa responsável! Cada dia perde mais a credibilidade e poucas pessoas ainda confiam em você.
- Ah velho, vai encher o saco de outro!
- Isso não é jeito de falar, Jofre! Qualquer dia eu ...
E Jofre saía sem dar atenção ao que pai estava dizendo.
O Sr. Euclides balançava a cabeça desconsolado, cada vez mais abatido. O Jofre não tinha jeito. Tudo já tinha sido tentado. Enquanto toda a família dava duro, os irmãos estudavam e trabalhavam, ele estava sempe aprontando, reincidindo nos mesmos erros, mentindo, dando as mesmas desculpas e justificativas sem fundamento.
Ultimamente os pais estavam suspeitando que ele andava bebendo demais. Estava muito estranho e violento. Só chegava em casa de madrugada, falando coisas desconexas. Na verdade, ele estava é aprontando muito mais. Juntou-se à turminha da pesada que fumava maconha. Os vizinhos já tinham alertado a polícia que uma vez quase pegou a turma inteira. Mais foram avisados a tempo e sairam correndo.
Um dia, Xará bebeu demais e bateu em duas pessoas, numa crise de violência gratuita e injustificada. Chamaram a polícia, e o pai foi obrigado á levantar ás quatro da manhã e ir conversar com o delegado. E ainda teve que ouvir um sermão danado.
De volta, falou bravo:
- Meu filho, agora você ultrapassou todos os limites. Sou um funcionário público que nunca faltou um dia ao serviço e passa aperto, procurando dar a vocês o melhor! E você me faz passar por um constrangimento desse? Ora Jofre! Veja se toma jeito! Na próxima, deixo você ir para um reformatório, Febem, talvez! Não é justo que você seja uma gota de limão que talhe um litro de leite. Somos uma família digna que não merece passar por tantos vexames.
Mas de nada adiantou. Seu comportamento só piorava. Principalmente depois que começou a andar com a turma, só de filho-de-pai-rico com carro novo, sem carteira. Uma vez, o filho de um ricaço capotou o carro quando batia um pega. O Xará estava dentro e por um triz não morreu. O pai do rapaz mandou buscá-lo, e, no dia seguinte, deu-lhe outro carro zerinho! Era dinheiro demais e juízo de menos. E Xará metido com eles.
- Jofre, onde é que você está arrumando dinheiro para sair? – perguntou o sr .Euclides, que há muito cortara todas as mordomias, inclusive a mesada.
- Dinheiro? Eu só saio com gente rica, eles pagam tudo pra gente!
O pobre funcionário público ficou espantado. Aquele menino não parecia seu filho. Afinal, todos tiveram a mesma criação, só ele é que saira a “ovelha negra” da família.

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